O Pedro é pai, marido e homem que trabalha e vive no dia-a-dia as questões relacionadas com a parentalidade consciente e emoções das nossas crianças.
Como desafio (que aceitou de imediato felzimente!) hoje preparou um artigo exclusivo para o Bebé Saudável sobre os irmãos, de modo a ajudar os pais a gerir emocionalmente esta nova fase da família.
Ter um irmão é quase sempre espetacular. Principalmente enquanto está na barriga da
mãe. Mas depois, ter de partilhar o protagonismo com outra pessoa levanta algumas
questões na cabeça da criança. Já não sou o preferido? Gostam mais dele do que de
mim? Os pais não já não vão brincar comigo? E tantas outras incertezas que com o
tempo se vão manifestando.
E como podem os pais e família contribuir para que o mano mais velho se sinta
integrado e respeitado na família?
Algumas sugestões.
NATURALMENTE DIGA-LHE
A criança não é tonta. Ela sabe que algo se passa com a mãe. Ela sente a energia no ar.
Por isso não existe o timing certo para comunicar. Respeitando o ritmo da família
anuncie a boa nova de forma simples, natural e sem formalismos. De forma
harmoniosa marque o momento da comunicação com a alegria e o amor que deseja
alimentar a chegada do novo filho. Seja criativo e sobretudo vá ao encontro das
características dele/a.
RESPONDA APENAS AO QUE LHE FOR PERGUNTADO
Respondam a todas as perguntas que a criança vos colocar. Não criem expectativas
desnecessárias. Acalmem o coração do vosso filhos gerindo o dia-a- dia mantendo o
máximo possível as rotinas dele. Durante e depois da gravidez. Lembrem-se que as
rotinas sossegam as crianças e dão-lhes segurança e estabilidade.
MANTENHA A HIERARQUIA FAMILIAR BEM DEFINIDA
Um dos aspetos mais importantes é manter a estrutura familiar bem definida. Pai e
mãe são os pilares. A criança “absorve” o que transborda da relação dos adultos. Cabe
ao pai estruturar a chegada da nova criança. Garantir que as condições mentais lá de
casa se mantenham “limpas”. A primeira gravidez já lá vai. Esta é única. Merece o
empenho total do pai e da mãe. O filho mais velho será sempre filho. Não lhe atribuam
responsabilidade de adulto. Partilhem com ele as atividades de preparação mas
mantenham sempre a liderança e a responsabilidade bem perto de vós.
ENTREGUE-LHE O OSCAR DA INDIVIDUALIDADE
Saber passar a ideia aos nossos filhos que existe um comando na família e ela tem a
voz dos pais é fundamental para o seu crescimento saudável e harmonioso. A isso
chamo escala de papéis. Cada um tem o seu. Quando chega um novo filho por vezes
isso passa para segundo plano. Damos naturalmente mais atenção ao recém-nascido e
o outro rebento fica para um segundo plano. A família também alimenta esta dinâmica
se questiona a criança apenas sobre a temática “mano”. Lembre-se que existe uma
pessoa que apenas tem um novo papel a desempenhar. Alimente a pessoa que existe
no seu filho. Fortaleça a relação passando tempo com ele e apenas com ele. Faça-o
sentir que partilhar o protagonismo com o mano/a vai ser uma viagem maravilhosa e
vantajosa para todos.
REPORTERES DA PATERNIDADE
Não compare irmãos. NUNCA. Nem a forma como a gravidez correu. As comparações
não fazem bem a ninguém. Porque as condições serem diferentes comparar é fazer um
caminho perigoso. É tapar as características de cada um com o manto das expectativas
que só responsabilizam quem as cria. Mas uma boa forma de desmitificar a gravidez e
aproximar os irmãos é rever o percurso feito. Sabemos a quantidade de fotos que
guardamos no PC da primeira gravidez. Às vezes até temos no disco externo tal é a
quantidade. Preparar uma pequena reportagem fotográfica acompanhada da partilha
das emoções que os pais vivenciaram vai reforçar a relação de todos. Cimentá-la com
afetos e apaziguar as dúvidas naturais da criança em relação a todo o processo de
crescimento do mano.
MOSTRE QUE SENDO DIFERENTES SERÃO SEMPRE AMADOS
O individuo é feito de pelo menos quatro dimensões. Corpo. Mente. Emoções e
Consciência. A dinâmica destas “energias” torna cada um de nós único e irrepetível.
Amar e ser amado é uma das necessidades mais importantes do ser humano. Talvez no
fim seja apenas isso que conta. A forma como sentimos o amor que nos deram.
Quando a sensação de escassez se instala, muitas “birras” podem ser desencadeadas
para chamar a atenção da fonte de amor lá de casa. Para manter esta possibilidade
sonora afastada de forma saudável faça com que o seu filho perceba que o amor dos
pais é o mesmo. Lembre-se que o que conta não é o amor que damos mas sim a forma
como o amor que damos é percebido. Pergunte ao seu filho/a como é que ele sabe
que os pais o amam. Pode ser surpreendentemente maravilhoso.
CONVIDE O MAIS VELHO A RECEBER O MAIS NOVO
Integrar o filho mais velho no processo de receção do mano é crucial. Faça-o de forma
natural, amorosa e divertida. Uma possibilidade é preparar uma festa de amor para
receber o mano mais novo. Convidem o vosso filho para ser o cicerone. Vai-se sentir
importante, útil e sobretudo amado por ser irmão mais velho.
CONVIDE O MAIS NOVO A PRESENTEAR O MAIS VELHO
Nos cursos de pré e pós-parto promovo a comunicação entre Pais e filhos. Para mim
isso é fundamental para que se fortaleça o vínculo com a vibração da voz e com o
amor que ela transporta. Isto, porque acredito que a sua consciência nos entende. Não
é um entendimento cognitivo mas de consciência. De alma. Por isso pode apresentar o
mano mais velho ao bebé. Fale-lhe das suas características. Das suas brincadeiras. Dos
talentos que ele tem. Convide-os a conversarem. Verbalmente ou em silêncio.
Incentive esses momentos sem pressão.
E convide o bebé a trazer um presente. Uma lembrança para o mais velho.
Dependendo da sensibilidade do seu filho poderá ser desde algo materialmente
apreciável ou um simples sorriso. O que para ele for representativo e lhe traga um
aconchego emocional ao mano/a.
Artigo escrito por Pedro Fernandes, exclusivo para o blog @bebesaudavel.
Visitem a sua página aqui: http://pedrofernandes.com.pt/
Leave a Reply
Want to join the discussion?Feel free to contribute!